15 de dezembro de 2010

Pacote para evitar o pior: COP 16 cria fundo, prorroga Kyoto e define metas para redução de gases

Mais de 190 países reunidos na Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), em Cancún, no México, aprovaram, na madrugada de sábado, os acordos contra as mudanças climáticas (veja quadro abaixo).

Com oposição da Bolívia, o documento adia o segundo período de vigência do Protocolo de Kyoto, cria o Fundo Verde e eleva a ambição para a redução de emissões de gases poluentes.

A Bolívia foi o único país a se opor, argumentando que os documentos não atendem às exigências da luta contra o aquecimento, já que cobram a redução da emissão de gases estufa por parte das nações desenvolvidas. Além disso, o país disse que os acordos de Cancún não acolhem as propostas da Conferência dos Povos, organizada na Bolívia em abril.

Os acordos aprovados criam o Fundo Verde Climático para administrar a ajuda financeira dos países ricos aos mais pobres. Até agora, União Europeia, Japão e Estados Unidos prometeram contribuições, que devem crescer até alcançar US$ 100 bilhões anuais em 2020. Também foi prometida uma ajuda imediata de US$ 30 bilhões, parte de um fundo a curto prazo.

No pacote de medidas de luta contra as mudanças climáticas aprovado em Cancún, que também teve protestos de ativistas, consta um mecanismo de proteção das florestas tropicais do planeta, cujo desmatamento provoca 20% das emissões de gases de efeito estufa no mundo. A reunião de Cancún conseguiu superar obstáculos de posições que pareciam irreconciliáveis entre países ricos e emergentes, assim como o fantasma da conferência de 2009 em Copenhague, que não preencheu as expectativas por falta de consenso entre os países.

O Protocolo de Kyoto atualmente compromete quase 40 países ricos com o corte de gases do efeito estufa até 2012. Os países ricos e pobres, porém, estão divididos sobre as obrigações que todos devem assumir ao longo dos próximos anos.

A proposta cita um “segundo período de compromisso” para o Protocolo de Kyoto, o que indica uma prorrogação além de 2012. Renová-lo ou não tem sido o grande debate na conferência – Japão, Rússia e Canadá exigiam que as nações em desenvolvimento aceitassem metas de redução de emissões, o que não acontece na atual versão do tratado.
Principais pontos do acordo entre países
1 - Limite de temperatura
O documento assinado na COP-16 reconhece a necessidade de cortar as emissões para limitar a elevação da temperatura em 2° C. Também diz que deve ser feita uma revisão desse objetivo para que o limite seja reduzido a 1,5° C. A análise deve começar em 2013 e ser concluída em 2015.
2 - Fundo Verde
O texto cria o Fundo Verde, que será administrado pela Organização das Nações Unidas. O tesoureiro interino será o Banco Mundial, por um período de pelo menos três anos.
3 - Financiamento de curto prazo
chamado Fast Start Finance, os países desenvolvidos deverão desembolsar US$ 30 bilhões até 2012. Os recursos serão divididos em mitigação (corte de emissões) e adaptação (para os países se prepararem para as alterações climáticas). A prioridade dos recursos será para países mais vulneráveis, como as nações-ilhas e a África.
4 - Financiamento de longo prazo
O documento reconhece que os países industrializados têm de mobilizar US$ 100 bilhões ao ano até 2020 para atender as necessidades dos países em desenvolvimento.
5 - Desmatamento
Estabelece o mecanismo de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (Redd), que visa compensar os países emergentes que preservam suas florestas.
6 - Protocolo de Kyoto
A proposta cita um “segundo período de compromisso”, o que indica uma prorrogação além de 2012. Renová-lo ou não tem sido o grande debate na conferência. Os grandes países emergentes dizem que não aceitariam um ônus tão grande quanto das nações ricas.

Fonte: A Notícia online

Triplica número de afetados pelo clima

Em 2009, 5,8 milhões de brasileiros foram impactados por inundações, secas e vendavais, segundo o Atlas Nacional do Brasil, lançado pelo IBGE

De 2007 a 2009, triplicou o número de brasileiros afetados por inundações, secas, vendavais e temperaturas extremas. É o que revela o Atlas Nacional do Brasil Milton Santos, lançado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O aumento mais impressionante ocorreu no item inundações. Em 2009, as enchentes - que em 2007 haviam afetado 1 milhão de pessoas - impactaram 3,2 milhões de brasileiros. No item secas, o salto foi de pouco mais de 750 mil para cerca de 1,8 milhão, e nos desastres com causas eólicas e temperaturas extremas, o número de afetados passou de 200 mil para 800 mil.
As informações do atlas foram divulgadas três dias após o fim da Conferência do Clima das Nações Unidas, realizada em Cancún, México (mais informações nesta pág.).
Em sua sexta versão - a primeira foi em 1937 e a quinta, em 2000 -, a publicação mostra a evolução da proporção de vítimas e dos tipos de desastre distribuídos pelo território brasileiro no período 2007-2009.
O altas revela, por exemplo, que Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Piauí foram os Estados que tiveram a maior proporção de habitantes afetados - entre 12,1% e 15,2%.
No ano passado, os gaúchos foram os mais afetados pelas secas. Do 1,6 milhão de habitantes que sofreram com desastres naturais no Estado, mais da metade enfrentou a falta de chuvas. No mesmo ano, os capixabas foram fortemente afetados pelas enxurradas.
Os números divulgados ontem abalam uma crença arraigada no senso comum: a de que o Brasil estaria livre de grandes tragédias naturais que afetam duramente outros países.
Eixos. Território e Meio Ambiente é o nome de um dos quatro "eixos" do atlas, que, por determinação legal, leva o nome daquele que é considerado o maior geógrafo nascido no Brasil, Milton Santos (1926-2001).
Em suas páginas, disseca questões como uso de agrotóxicos, espécies em extinção, reservas florestais, cobertura vegetal, biomas, queimadas, ameaças à biodiversidade - tudo referenciado em mapas coloridos do Brasil e dos Estados. As fontes são o próprio IBGE e órgãos oficiais, do Instituto Chico Mendes à Fundação Nacional do Índio, abrangendo instituições internacionais, como o Banco Mundial.
Na mapa das Fontes de Ameaças à Biodiversidade, por exemplo, é possível ver a Concentração de Fontes de Ameaças, representadas por uma escala de cores que vai do amarelo (muito baixa) a negro (muito alta). A ilustração expõe a proximidade ou distância de unidades de conservação, por exemplo. O período examinado vai até setembro de 2009. Em outras páginas é possível ver a representação da Poluição Industrial Potencial e do Uso de Agroquímicos.
A primeira, com dados de setembro de 2010, mostra que os Estados que concentram mais poluentes são São Paulo e Minas Gerais. Um gráfico indica que o poluente industrial mais emitido no País é o monóxido de carbono (CO). Sozinha, a indústria metalúrgica responde pela emissão anual de 400 mil toneladas dessa substância. A segunda revela que São Paulo liderou, em 2005 (último dado disponível), o consumo de agrotóxicos, com 55 mil toneladas anuais.
Trabalho. A elaboração do atlas envolveu 40 pesquisadores. De acordo com o presidente do IBGE, Eduardo Nunes, exemplares do atlas serão enviados para representações diplomáticas do Brasil no exterior.

CRONOLOGIA
Desastres recentes
Março de 2004
Furacão
O Catarina atingiu o sul de Santa Catarina (40 municípios) e o norte gaúcho. Houve 3 mortes e 100 mil casas afetadas.
Dezembro de 2007
Terremoto
Tremor de 4,9 graus na escala Richter atingiu Itacarambi (MG). Uma menina de 5 anos morreu e 95% das casas do povoado foram destruídas. Apesar da intensidade, esse não foi o maior tremor ocorrido no Brasil.
Maio 2008
Ciclone extratropical
Rajadas de vento de até 118 km/h mataram duas pessoas no Rio Grande do Sul e deixaram centenas
de desabrigados.
Novembro de 2008
Tragédia em SC
Após 919,5 milímetros de chuva, quando o normal para todo o mês era de 110,4 ml, enchentes no Vale do Itajaí mataram mais de 100 pessoas e deixaram quase 100 mil desabrigadas ou desalojadas.
Janeiro de 2010
Enchentes
Chuvas e deslizamentos mataram cerca de 40 pessoas na região de Angra dos Reis (RJ). Em São Paulo, São Luiz do Paraitinga sofreu com a maior enchente desde 1930. O Rio Paraitinga subiu
10 metros, arrastando imóveis históricos. 

Fonte: O Estadão

3 de dezembro de 2010

Desmatamento na Amazônia é o menor registrado em 22 anos


O desmatamento da Floresta Amazônica alcançou o nível mais baixo de que se tem registro, anunciou o governo brasileiro na última quarta-feira (01), marcando o que pode ser um ‘divisor de águas’ para a conservação florestal.

O desmatamento caiu para cerca de 6.500 km² nos 12 meses até julho de 2010, diminuindo 14% em relação ao ano anterior e do auge de 29.100 quilômetros quadrados registrados em meados da década de 1990. É a taxa mais baixa desde que se iniciou a série, em 1988.


A data da divulgação dos números coincide com uma conferência climática global da Organização das Nações Unidas (ONU) no México. O Brasil quer demonstrar que é uma das poucas economias grandes a cortar drasticamente suas emissões de gás-estufa, provenientes na sua maior parte da queima de árvores ou de seu apodrecimento. "O que é importante é que o compromisso que nós assumimos, aqui no Brasil, nós estamos cumprindo, e não precisamos de favor para cumprir. Nós vamos cumprir porque é nossa obrigação cumprir", disse o presidente Lula, acrescentando que o mundo desenvolvido fracassava em chegar a um acordo para promover cortes ambiciosos nos gases-estufa e não era transparente sobre a ajuda financeira aos países em desenvolvimento.


Lula criticou os países industrializados pela falta de compromisso em cortar os gases-estufa. Ele disse que era decepcionante que quase nenhum chefe de Estado participaria da cúpula de Cancun. "A COP-16, no México, não vai dar nada", disse ele durante uma cerimônia em Brasília.


O policiamento intensificado e a pressão cada vez maior dos grupos de consumidores contribuíram para a queda no desmatamento. O IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais) tem multado criadores de gado e madeireiras ilegais, confiscado seus produtos e cortado empréstimos para eles. As indústrias da carne e da soja decidiram banir voluntariamente os produtos provenientes de áreas desmatadas de forma ilegal.


A mais recente redução no desmatamento ocorreu apesar do alto preço das commodities, que em geral estimulam mais madeireiros e fazendeiros a entrarem na floresta em busca de terra barata.


Ainda assim, a área destruída é maior do que a de um país pequeno e mais alta do que os cinco mil quilômetros quadrados esperados pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.


Os especialistas afirmam que o progresso será mais difícil, pois a exploração da madeira agora ocorre em uma escala menor e é mais difícil de localizar. "Isso exigirá mais investimento do governo federal", disse Gilberto Câmara, diretor do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que monitora o desmatamento.


As autoridades também concordam que é preciso fazer mais para promover atividades econômicas alternativas na região. "Nós não manteremos as árvores de pé a menos que desenvolvamos economias baseadas na floresta", afirmou Roberto Vizentin, um dos diretores do Ministério do Meio Ambiente, citando empresas farmacêuticas e de cosméticas que desenvolvem produtos a partir de plantas.


"É preciso criar valor agregado e empregos na floresta, não nas grandes cidades", afirmou ele durante uma cerimônia na qual Lula entregou títulos a comunidades da floresta.


Até 2020 o Brasil quer reduzir a meta de desmatamento anual para 3.500 quilômetros quadrados. 

Fonte: Reuters

1 de dezembro de 2010

Cancún deve terminar sem acordo global para redução de emissões de CO2

Um ano após a fracassada conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas em Copenhague, representantes de cerca de 190 países voltaram a se reunir a partir desta segunda-feira em Cancún, no México, para mais uma rodada de discussões internacionais sobre o aquecimento do planeta.
Só que desta vez, o clima é de pessimismo e a expectativa é baixa. Ninguém acredita que o encontro termine com um acordo global vinculante, definindo metas para redução dos gases que provocam o efeito estufa.
Segundo o embaixador extraordinário para Mudanças Climáticas, Sérgio Serra, "o Brasil está otimista nos avanços para os mecanismos de RED, que beneficia países com flroestas tropicais, mas sabe-se que não haverá acordo legalmente vinculante na questão de emissão de gases".

Fonte: Planeta Verde adaptado por PECCA